Caracteriza-se pela presença de inúmeras limitações em áreas como linguagem e comunicação, autocuidado (saúde, higiene e segurança), habilidades do indivíduo em alcançar as expectativas de seu grupo cultural e capacidade adaptativa básica na escola, trabalho e/ou lazer.
A média populacional de QI (Quociente de Inteligência) é igual a 100; em indivíduos com retardo mental um QI inferior a 70 é esperado, porém essa condição pode ser diagnosticada em indivíduos com QI entre 70 e 75 e que apresentem déficits significativos no comportamento adaptativo; de modo inverso, não deve ser diagnosticado em indivíduos com um QI inferior a 70 se não houver déficits ou comprometimento importante no funcionamento adaptativo.
O funcionamento adaptativo refere-se ao modo como o indivíduo enfrenta eficientemente as exigências comuns da vida e o grau em que satisfaz os critérios de independência pessoal esperados para alguém de sua faixa etária, bagagem sociocultural e contexto comunitário.
A deficiência intelectual pode ter várias causas, entre as principais estão os fatores genéticos (Síndrome de Down, Síndrome de Turner e Síndrome de Patau, por exemplo), perinatais (ocorridos durante a gestação e o parto, como Toxoplasmose por exemplo) e pós-natais (meningites, traumatismos, intoxicações por exemplo). O diagnóstico correto dos fatores de causa no momento do nascimento pode não só amenizar os sintomas (prevenção secundária) mas até mesmo evitar o dano cerebral maior.
Quatro níveis de gravidade podem ser especificados de acordo com o comprometimento intelectual: retardo mental LEVE (QI 50-55 até aproximadamente 70), MODERADO (QI 35-40 a 50-55), GRAVE (QI 20-25 a 35-40) e PROFUNDO (QI abaixo de 20-25).O retardo mental leve corresponde a 85% de todos os indivíduos com algum grau de retardo, o moderado 10%, o grave 3 a 4% e o profundo1 a 2%.
No retardo mental leve o indivíduo é capaz de usar a fala em situações do dia-a-dia, pode ser totalmente independente nos cuidados de si próprio, pode ter dificuldade na escrita e na leitura, dificuldade em lidar com conceitos abstratos complexos, e pode haver imaturidade emocional.
No retardo mental moderado o indivíduo apresenta aquisição escolar limitada e necessita de supervisão técnica para a realização de tarefas. Epilepsia e incapacidades neurológicas e físicas são comuns neste grupo.
No retardo mental grave não é rara a ausência total ou quase completa da capacidade comunicativa do indivíduo; muitas vezes não fala ou aprende poucas palavras, e necessita de apoio e supervisão para cuidados pessoais e higiene. São frequentes neste grupo quadros de autismo, hiperatividade grave e autoagressão.
No retardo mental profundo o indivíduo é gravemente limitado em sua capacidade de entender ou de agir de acordo com as solicitações, e para sobreviver muitas vezes requer supervisão e cuidados básicos. Neste grupo frequentemente se identificam lesões cerebrais e presença de etiologia orgânica.
O tratamento é diferenciado caso a caso, mas em geral não visa a cura e sim a melhor adaptação do indivíduo ao seu contexto, assim como o aproveitamento máximo de suas habilidades e atingir o máximo de independência. Medicações, psicoterapias, terapia ocupacional, psicoeducação e apoio familiar podem ser necessários.